quarta-feira, 18 de agosto de 2010


Doença Articular Degenerativa

ARTRITE

A Doença Articular Degenerativa (ou Artrite Degenerativa) é uma patologia progressiva, não infecciosa das articulações de suporte do peso corporal. A cartilagem normal destas articulações é lisa, branca e translúcida. É composta por células cartilagíneas (condrócitos) infiltradas numa matriz, composta por colagénio, polissacáridos proteicos e água. No início, na artrite degenerativa primária, a cartilagem torna-se amarelada e opaca, com áreas localizadas irregulares e amolecidas na superfície articular. Com o evoluir do processo degenerativo, as áreas amolecidas tornam-se quebradiças e desgastadas, expondo o osso sob-condral, o qual inicia com processo de remodelação, com um aumento de densidade, enquanto que a restante cartilagem começa a desgastar-se. Eventualmente, osteófitos (espículos de osso novo) cobertos pela cartilagem, formam-se no bordo da articulação. Adicionalmente, à medida que aumenta o esforço mecânico, a cartilagem necessita de ser substituída, o que não é possível pois as células cartilagíneas são incapazes de produzir suficiente quantidade de matriz cartilagínea. De facto, já não existe circulação sanguínea que sustente esta renovação.
A maioria das doenças articulares degenerativas são o resultado de instabilidade ou alterações de envelhecimento da articulação. Referimo-nos à artrite degenerativa de envelhecimento e, em animais jovens, pode ser o resultado de traumas, contusões, configurações articulares anormais (ex.: displasia da anca) ou por desgaste mecânico por ruptura de ligamento cruzado anterior, luxação patelar ou osteocondrite dissecante.

SINTOMAS

Na maioria dos casos, a doença articular degenerativa é vista em cães de meia idade em diante, com um aumento de incidência nos animais mais velhos. Os sinais iniciais são moderados e incluem uma ligeira diminuição da actividade física associada a uma história de relutância a passeios longos, estando o cão mais “rígido” mas não doloroso. À medida que a condição progride, o animal, dependendo da articulação ou articulações envolvidas, passa a levantar-se mais devagar, após ter estado deitado por algum tempo, sobe e desce as escadas mais devagar ou começa a recusar-se a saltar obstáculos que lhe eram habituais. Nesta fase da doença, a rigidez do animal vai diminuindo à medida que ele se exercita, o que chamamos de aquecimento da claudicação. Eventualmente, o animal pode ser assintomático durante todo dia, repetindo-se novamente todo o episódio quando se levanta após um período de repouso. À medida que a doença progride, os sinais acima mencionados tornam-se mais severos, até um ponto em que se recusa a levantar ou andar. Frio e tempo húmido acentuam os sinais clínicos na maioria dos casos, não só pela temperatura baixa mas também pelas alterações barométricas.

RADIOGRAFIAS

Como a cartilagem não é visualizável nas radiografias (raios-x), a doença articular degenerativa inicial pode evidenciar um estreitamento do espaço articular. Com a evolução da doença, formam-se espículos ósseos (ou osteófitos) e o osso sob-condral torna-se muito duro.

TRATAMENTO

O tratamento está limitado à redução do grau de dor presente na cápsula articular e ligamentos circundantes (pois a cartilagem articular não tem terminações nervosas) para que a actividade possa ser mantida e aumente o suporte muscular. Assim, a consideração mais importante num tratamento a longo prazo da doença articular degenerativa é a Manutenção do Suporte Muscular.
À medida que a doença progride e a dor agrava-se, a utilização de anti-inflamatórios pode ser necessária. Os corticosteróides podem ser administrados, mas tendo em conta os seus possíveis efeitos secundários, só devem ser usados após terem sido tentadas outras drogas mas sem sucesso. Estas drogas devem permitir níveis normais de exercício, como passeios, corridas lentas ou natação. Nadar é de longe a melhor actividade física, pois permite uma máxima actividade motora, com o mínimo de apoio do peso corporal. Exercícios energéticos são contra-indicados. Em animais obesos, impõe-se introdução de dietas de emagrecimento. Se a articulação afectada for sujeita a cirurgia, exercícios passivos de flexão e extensão devem ser introduzidos logo após a remoção do penso para evitar atrofia muscular. Após estes exercícios, deve-se iniciar um programa de exercícios activos, inicialmente muito ligeiro, aumentando progressivamente de intensidade ao longo do já extenso período de reabilitação.
Outro tratamento alternativo, envolve o uso de drogas que actualmente promovem a cicatrização da cartilagem lesionada. Estas drogas inovadoras, estão a revolucionar o tratamento da doença articular degenerativa, quando administradas antes da evidência de lesões articulares irreversíveis.

ARTRITE INFECCIOSA

A artrite infecciosa é o resultado da penetração de microorganismos vivos dentro da membrana sinovial e/ou cavidade articular. O tipo de organismos mais comum nesta patologia são as bactérias, nomeadamente o Staphylococcus ou Streptococcus .
As três causas principais da artrite bacteriana são:
  1. Ferida penetrante na articulação
  2. O estado de bacteriémia (presença de infecção na corrente sanguínea) com posterior localização na articulação
  3. Disseminação de infecção de osteomielite adjacente (infecção óssea)
Uma vez presente as bactérias na articulação, inicia-se um processo de degeneração da matriz cartilagínea. Por vezes, apesar do paciente ter sido tratado e a articulação ter recuperado a sua esterilidade, o processo degenerativo da cartilagem prossegue. Pensa-se que este facto esteja relacionado com a incapacidade dos condrócitos sãos substituírem a matriz lesionada.
Os sinais clínicos são de um processo inflamatório comum: tumefacção, dor articular, calor e rubor dos tecidos envolventes. Um ou mais articulações podem estar envolvidas. Temperatura corporal normalmente elevada e o paciente letárgico, ocasionalmente anoréctico, intolerante a movimentos articulares e com claudicação dos membros afectados.
A área deve ser cuidadosamente examinada para detectar qualquer ferida penetrante.
Um diagnóstico definitivo de Artrite Infecciosa só é possível após isolamento do organismo infeccioso do líquido articular ou tecido sinovial. História e sinais clínicos, análise do líquido sinovial, achados radiológicos ajudam apenas a limitar as causas possíveis de dor articular.
     

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